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Em encontro articulado pela deputada federal Denise Pessôa, reitora da UFRGS sugere parceria entre campus da Serra e empresas da região

A instalação de um campus da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) em Caxias do Sul avançou ainda mais na noite desta quarta-feira (26), após reunião entre a reitoria da instituição, representantes de entidades empresariais e diversos sindicatos patronais do município e da região. O encontro articulado pela deputada federal Denise Pessôa (PT/RS) ocorreu na CIC Caxias para debater qual é o modelo mais adequado para a instituição de ensino da Serra Gaúcha. Uma das propostas é uma parceria entre a universidade e as empresas e instituições da região para que os estudantes tenham acesso a parte prática no interior das empresas.

Liderança nacional e uma das responsáveis pela conquista da Universidade Federal na região, a deputada lembra que no Sul do país, apenas a região serrana foi contemplada, justamente, por ser a única do Rio Grande do Sul a não contar com uma instituição desse nível gratuita. A deputada inclusive se colocou à disposição para resolver costurar com a região soluções para o transporte, o que irá garantir que os estudantes cheguem ao campus, levando em conta a mobilidade urbana e o transporte intermunicipal.

“Temos uma conquista histórica com a chegada da Universidade Federal na nossa região. Muitos aqui se formaram na Universidade de Caxias do Sul (UCS), que tem ensino de qualidade e pesquisa reconhecida. Mas sabemos que há um custo, e há décadas lutamos por uma universidade pública federal na nossa região. Somos a última região do estado a receber uma instituição desse porte. O presidente Lula anunciou dez novas universidades federais no Brasil, e a única na região Sul será na Serra Gaúcha. Precisamos nos orgulhar e cuidar para que ela chegue forte e estruturada, sendo um polo de desenvolvimento para a nossa região”, destaca a parlamentar.

Ela ressalta ainda que essa conquista é uma das principais ações do Governo Federal na região e entrará para a história, podendo ser comparada à chegada da BR-116, que impactou nosso desenvolvimento.

“A chegada de uma Universidade Federal na Serra é uma mudança de paradigma e uma construção coletiva. Precisamos escutar todos os setores para construir um ambiente fértil para que a universidade cresça forte, com participação de todos. A educação precisa ter uma função social e gerar retorno para a comunidade. Queremos que a Universidade Federal siga esse caminho, crescendo integrada à região”, ressalta.

A reitora Márcia Barbosa afirma que a universidade, que inicialmente está prevista como um campus da UFRGS, pode passar por uma redefinição, assim como ocorreu com a UNIPAMPA, se transformando em uma universidade autônoma.

“A região possui um grande potencial para ensino, pesquisa e extensão, com demanda por cursos em áreas estratégicas como engenharia, computação, saúde e agricultura familiar. Também há uma carência na formação de professores, especialmente em licenciaturas na área de tecnologia.”

Ela acrescenta a importância de um modelo educacional que não replique apenas o maquinário dentro da universidade, mas que aproveite a estrutura das empresas da região para complementar a formação dos estudantes.

“O que queremos implementar aqui não é uma ‘engenharia encastelada’, mas sim uma engenharia conectada com a realidade do mercado.”

Durante o debate, Márcia também destacou a alta empregabilidade da região, o que demanda organização curricular que permita aos estudantes conciliar os estudos com o emprego. Enfatizou a importância da extensão universitária para aproximar os jovens em idade escolar do mundo do trabalho, com exemplos de projetos de robótica voltados para meninas já desenvolvidos pela UFRGS.

Também foi questionado ao empresariado regional qual o foco da área de engenharia seria mais necessário, e sugerido que a indústria local invista na fabricação de dispositivos intermediários para fortalecer a cadeia produtiva, em parceria com a universidade.

A reitora reforçou ainda que esta foi a primeira conversa e que a comissão da UFRGS, que elabora o projeto do campus, voltará à região para aprofundar as discussões.

O que dizem os setores

Os empresários reforçaram a importância da universidade para o desenvolvimento econômico e social da Serra Gaúcha.

Argumentaram que há uma carência de cursos de engenharia na região, e que o setor metalmecânico representa 17 municípios e emprega 74 mil pessoas. Por isso defendem que as empresas precisam participar da construção da grade curricular, incentivando formação em engenharias.

Já os representantes do comércio pediram valorização ao setor como curso de Gestão de Varejo e os do setor de turismo e gastronomia defendem a vinda de cursos como Administração, Tecnólogo em Hotelaria e Eventos, que demandam mão de obra e podem empregar estudantes no contraturno da universidade e, também, curso interdisciplinar envolvendo administração e psicologia para qualificar melhor o atendimento ao público.

Na educação, houve demanda por cursos voltados à gestão escolar, pedagogia, psicologia educacional e administração de instituições de ensino. No setor industrial, sugeriu-se uma engenharia generalista, com especialização na segunda metade do curso.

Empresários apontaram também falta de formações voltadas para o comércio e varejo, com foco em inovação e tecnologia. Além disso, houve defesa de um curso de administração com possibilidade de especialização ao final e a necessidade de um curso de Ciências Contábeis.

Também foi lembrada a demanda pela criação de cursos na área da saúde, como Fonoaudiologia e Terapia Ocupacional.
No agronegócio, foi levantada a necessidade de cursos que atendam tanto à agricultura familiar quanto à profissional, além de formações para qualificação dos produtores rurais.

Já na indústria madeireira, foi sugerido um curso de Engenharia Industrial Madeireira, considerando o potencial da região para o beneficiamento da madeira. No setor têxtil e de moda, foi apontada a necessidade de novas formações, como Engenharia de Produção Têxtil e Bacharelado em Moda e Estilo, para atender à demanda do mercado.

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