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Deputada gaúcha quer inscrever Lélia Gonzalez no Livro dos Heróis e Heroínas da Pátria

A deputada federal Denise Pessôa (PT/RS) protocolou, na tarde desta segunda-feira 12 de junho, um projeto de lei para inscrever o nome da pensadora negra Lélia de Almeida Gonzalez (1935-1994) no Livro dos Heróis e Heroínas da Pátria, permanentemente depositado no Panteão da Liberdade e Democracia Tancredo Neves, em Brasília (DF). Lélia Gonzales foi uma ativista e intelectual brasileira, hoje considerada uma das pensadoras mais influentes do feminismo negro em todo o mundo. Corajosa e destemida, Lélia denunciou desde cedo o racismo e o sexismo enquanto formas de violência que colocam as mulheres negras em condição de subalternidade.

“A gente percebe a grandeza de Lélia quando observa seu legado. Ela morreu em 1994, mas continua promovendo a conscientização a respeito das questões raciais no Brasil até hoje. Esse projeto de lei é mais um reconhecimento que Lélia, sem dúvidas, merece. Nossas pensadoras negras são, também, nossas heroínas – e espero que assim toda sociedade brasileira possa reconhecer Lélia diante de sua magnitude.”, comenta a deputada federal proponente do projeto, Denise Pessôa.

Nascida em Belo Horizonte em primeiro de fevereiro de 1935, filha de Orcinda Serafim d’Almeida, uma mulher de origem indígena, empregada doméstica, e de Accacio Serafim d’ Almeida, um homem negro, ferroviário pertencente a uma extensa família operária, Lélia foi a décima-sétima de uma família com dezoito filhos. Migrou para o Rio de Janeiro em 1942, onde estudou no Colégio Pedro II, prestigiada escola pública que era praticamente monopolizada pelas famílias mais ricas, pouquíssimo acessível às classes populares naquela época.

Lélia se formou em História e Geografia e, posteriormente, também em Filosofia. Fez mestrado em Comunicação Social e doutorado em Antropologia Política. No Rio, foi professora em escolas de nível médio, faculdades e universidades. Sua contribuição ao pensamento contemporâneo foi marcada pelo reconhecimento da contribuição africana na formação histórica e cultural brasileira e, de forma muito inovadora e original, apontou para a perspectiva da interseccionalidade na interpretação das relações sociais.

Pioneira em inúmeras ações e movimentos voltados à promoção das artes e culturas, da conscientização política e da produção intelectual, Lélia conjugou cultura e política para promover a transformação social. De acordo com a Agência Senado, até março de 2023, 64 títulos foram inscritos no Livro dos Heróis e Heroínas da Pátria, sendo 51 homens e 13 mulheres. A inscrição do nome de Lélia no livro também pode ser interpretada como uma forma de reparação histórica através do reconhecimento das mulheres negras, já que quase 80% dos inscritos no livro são homens.

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