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ARTIGO – Erradicar o trabalho infantil: uma tarefa de todos nós

Vivemos em um Estado e uma cidade que valorizam muito trabalho. Seja no campo ou na área urbana, os municípios têm se desenvolvido ao longo dos anos graças ao suor de suas cidadãs e cidadãos. Em Caxias do Sul onde nasci, cresci e tenho minhas raízes, a história prova que não foi diferente. Temos uma cidade construída sobre o trabalho da indústria e do campo, em sua grande maioria. Proporcionar a inserção de jovens no mercado de trabalhado e mantê-los ligados aos estudos é um grande desafio da atualidade. Por aqui, atualmente, 83,54% das vagas possíveis para jovens aprendizes estão preenchidas. No Rio Grande do Sul são 74% e no Brasil, 50%. Vemos, portanto, uma lacuna importante que espera de braços abertos nossos jovens.

Penso que a iniciação profissional é fundamental para a formação da nossa juventude. Ao lado dos estudos e atividades de esporte e lazer, por exemplo, esse é um momento importantíssimo onde são formados cidadãos para o futuro de nossas cidades. Porém, quando falamos sobre o mercado de trabalho, um tema nos preocupa ao longo dos anos: o trabalho infantil. Entendo que a luta pela erradicação desse problema deva ser diária e contínua. É preciso ainda, que o Estado tenha a estrutura necessária para a fiscalização e a punição nos casos necessários. O que pode ter sido normalizado em um passado nem tão distante, não pode mais ser aceito na sociedade em que vivemos.

Estudos apontam que no início do século passado e no final do anterior, muitas crianças brasileiras já estavam inseridas nas indústrias do país, sendo inclusive vítimas de diversos acidentes de trabalho. Em Caxias do Sul, crianças também são vistas em fotografias do Arquivo Histórico Municipal João Spadari Adami do início do século XX em atividades laborais e em meio aos trabalhadores adultos da indústria. Pesquisas históricas apontam que, inclusive, foram encontrados registros de quatro meninos considerados chefes, e que estes comandavam outros grupos de crianças dentro das oficinas. Na época, também era comum a aprendizagem de ofícios industriais ainda quando criança.

Dados do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) apontam que de janeiro a abril de 2023, 702 crianças e adolescentes foram resgatadas do trabalho infantil no Brasil. Destes, 80% eram meninos. Segundo o ministério, os estados com mais registros de crianças e adolescentes encontrados em situação de trabalho infantil foram o Espírito Santo, Roraima, Alagoas e Ceará e as atividades econômicas mais envolvidas foram o comércio e a reparação de veículos automotores e motocicletas, serviços de alojamento e alimentação.

Acredito que a erradicação do trabalho infantil necessite de atitudes complexas e conjuntas. A valorização das escolas como espaços de estudos e convivência, assim como o professor enquanto instrumento dessa transformação seja um caminho. É necessário também pensar em programas de geração de emprego e renda, assim como de qualificação profissional dos trabalhadores. Nós, enquanto adultos e representantes da sociedade seguimos atentas ao problema e lutando por melhores condições para nossos jovens. O trabalho infantil que exclui as crianças das escolas é o mesmo que restringe suas perspectivas futuras de um trabalho qualificado e uma vida melhor na idade adulta. Erradicar o trabalho infantil é uma tarefa de todos nós.

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